Não é mais necessário passar o dia na baia de um escritório para
ganhar bem. De acordo com recente pesquisa com 3.000 donos de negócios, o
futuro do trabalho talvez não esteja mais ali. Entre os jovens
entrevistados, 57% planejam pelo menos dobrar o tempo gasto com o
trabalho onoline até 2013 e 82% deles acreditam que, nos próximos dez
anos, a maioria dos negócios serão compostos por equipes virtuais.
“Trabalhadores
mais jovens não querem se limitar escritórios e cubículos”, afirma
Michael Haaren, cofundador e CEO do site de empregos Rat Race Rebellion e
autor do livro “Work at Home Now” (“Trabalhe em Casa Agora”, em
tradução livre). “As tendências mostram que trabalhar remotamente será
normal no futuro.”
As empresas aumentam cada vez mais a
contratação de funcionários que não estão no prédio corporativo. Haaren
conta que companhias como a American Express, Amazon, United Helth e
Aetna já aderiram a esse modelo. Isso dá a elas acesso a milhões de
candidatos potenciais, em vez de a apenas algumas centenas nas
redondezas.
Alguns empresários que pensam na frente começam a
inovar com essa ideia. Centros de trabalho surgem para oferecer a
profissionais que trabalham remotamente a opção de alugar um escritório
para o dia, a semana ou pelo tempo que precisarem, na cidade em que eles
estiverem.
O modelo chamou a atenção de alguns investidores
ricos. Através de sua empresa de investimento Revolution, Steve Case,
fundador da AOL, criou a startup Loosecubes em março, que mistura
trabalhadores virtuais com empresas que não exigem profissionais in
office. Enquanto isso, Jeff Bezos, da Amazon, e Howard Schultz, da
Starbucks, são dois dos muitos nomes grandes que ajudam o fundo da
Assembleia Geral, uma rede global de campi de coworking, com 20 mil m²
de espaço em Nova York.
Um dia, os trabalhadores poderão fazer a
maioria dos serviços de qualquer lugar. Literalmente. Haaren
exemplifica com os novos carros equipados com Wi-Fi, que viram pontos
itinerantes de acesso à Internet.
O futuro promete, mas
esses profissionais remotos já são realidade. Muitos dos trabalhos que
podem ser feitos de qualquer lugar e que têm altos salários estão na
área de saúde. Profissionais estão sendo contratados por hospitais e
planos de saúde para atenderem em domicílio.
Os
telerradiologistas, por exemplo, veem as imagens do paciente
transmitidas digitalmente e discutem o diagnóstico com o médico
responsável, via videoconferência. Sendo uma das especialidades mais bem
pagas, ganham de US$ 100 mil a US$ 400 mil por ano, dependendo do nível
de experiência e das horas trabalhadas. Haaren diz que empresas como a
Virtual Radiologic, Imaging on Call e Radiology 24/7 são algumas das
muitas fazem esse serviço atualmente.
Da mesma forma, os
farmacêuticos têm escapado do balcão para rever receitas e verificar se
há interações de medicamentos onde quer que estejam. Ann Rathke,
coordenadora da Faculdade de Farmácia e Enfermagem da Universidade de
North Dakota, diz que um telefarmacêutico ganha um salário médio anual
de US$ 105 mil como varejista e de US$ 118 mil em um hospital.
Além
disso, enfermeiros são contratados pelos hospitais para aconselhar os
pacientes por telefone. Eles ganham cerca de US$ 65 mil por ano, mesmo
salário dos enfermeiros tradicionais. Transcritores também trabalham em
qualquer lugar, transformando gravações de voz dos médicos em relatórios
digitados, e ganham um salário médio de US$ 33 mil anuais.
Com a
explosão de cursos universitários on-line, salas de aula já não são
mais necessárias. Professores de nível superior a distância ganham em
média US$ 62 mil por ano e são livres para lecionar em qualquer lugar do
mundo, com a ajuda de uma webcam. Isso também proporciona uma liberdade
bem-vinda para acadêmicos que valorizam o trabalho in loco de pesquisa
para os seus artigos.
No novo mercado globalmente conectado, há
também maior necessidade de tradutores, que não estão vinculados a um
escritório e ganham US$ 43 mil em média por ano.
Para os mais
ousados, Haaren fala sobre atendentes de sexo por telefone. Uma
profissional, com o pseudônimo “Mistress Susan”, ganha entre US$ 6 e US$
30 por hora e pode chegar até US$ 1.200 por mês. Um outro profissional
independente afirma que a remuneração chega a atingir até US$ 100 por
minuto.
Outros trabalhos que podem ser feitos de qualquer lugar
são escritores técnicos, contadores virtuais e representantes de
atendimento ao cliente. "O mercado vai em direção à contratação
independente", diz Haaren. "As pessoas com a mentalidade antiga de
empregado irão sofrer, e o empreendedor prosperará."